
JAPÃO - Uma equipe japonesa de pesquisadores teve sucesso na reprodução de ratos usando espermatozoides liofilizados preservados no espaço por quase seis anos, desenvolvendo o que poderia ser uma tecnologia de "Arca de Noé" para salvar plantas e animais da extinção no futuro.
O estudo publicado no mês passado na revista Science Advances disse que um total de 168 ratos nasceram em 2019 e 2020 depois que o esperma foi trazido de volta da Estação Espacial Internacional, apesar da exposição à radiação espacial.
O período de preservação de cinco anos e 10 meses é a "duração mais longa do mundo em que as amostras foram preservadas na ISS em pesquisa biológica", disse o estudo.
O experimento foi conduzido por uma equipe incluindo pesquisadores da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão e da Universidade de Yamanashi.
A técnica de liofilização, desenvolvida por Teruhiko Wakayama, professor da Universidade de Yamanashi, permitiu que o esperma fosse preservado em temperatura ambiente por mais de um ano. Também significava que não havia necessidade de instalar um freezer no foguete lançado para a ISS. A técnica também deve ser adotada na medicina reprodutiva moderna e na pecuária.
No experimento, os pesquisadores coletaram esperma de 12 camundongos machos e os secaram por congelamento. Metade do total das amostras foi enviada ao ISS em 2013, enquanto o restante foi preservado no solo.
O primeiro grupo de amostras foi trazido de volta à Terra após nove meses para confirmar que o experimento estava ocorrendo conforme planejado. Dois outros grupos de amostras passaram dois anos e nove meses e cinco anos e 10 meses no ISS, respectivamente.
Embora o esperma que retornou do espaço tenha sido ligeiramente afetado pela radiação, camundongos saudáveis foram obtidos com a mesma taxa de sucesso da amostra de controle mantida na Terra, mesmo após quase seis anos de armazenamento.
A próxima geração também não mostrou anormalidades, disse o estudo.
Os pesquisadores concluíram que o esperma liofilizado pode ser preservado na ISS por mais de 200 anos, mesmo sem qualquer proteção contra a radiação espacial.
Espermatozóides liofilizados podem ser "o material ideal" para explorar maneiras de manter a diversidade dos recursos genéticos no futuro, disse o estudo.
Outras pesquisas também podem abrir a possibilidade de preservar genes para garantir a diversidade dos recursos genéticos em caso de propagação de doenças desconhecidas ou mudanças ambientais, como o aquecimento global, disse.