JAPÃO - O Japão registrou um déficit na balança comercial de 78,7 bilhões de ienes em julho, conforme dados do governo divulgados na quinta-feira. Esse déficit foi impulsionado pela primeira queda nas exportações em mais de dois anos, levantando incertezas sobre as perspectivas de crescimento econômico.
As exportações diminuíram 0,3% em relação ao ano anterior, totalizando 8,73 trilhões de ienes, com o aumento nas remessas de automóveis não sendo suficiente para compensar as quedas em outros produtos, como equipamentos relacionados a semicondutores. Enquanto isso, as importações caíram 13,5%, chegando a 8,8 trilhões de ienes, de acordo com o Ministério das Finanças.
Essa queda nas exportações em comparação ao mesmo período do ano passado, a primeira desde fevereiro de 2021, lança uma sombra sobre as perspectivas da economia japonesa, que registrou o ritmo de crescimento mais rápido desde 2020 no segundo trimestre do ano.
Esses números foram divulgados um mês após o Japão ter relatado seu primeiro superávit comercial em quase dois anos. Entretanto, preocupações persistem sobre o impacto do aperto monetário agressivo nos Estados Unidos e na Europa, bem como sobre o desaceleramento do crescimento na China.
O superávit comercial do Japão com os Estados Unidos aumentou 65%, atingindo 845,92 bilhões de ienes, impulsionado pelo aumento nas remessas de automóveis e equipamentos elétricos pesados, que elevaram as exportações em 13,5%, atingindo o recorde de 1,79 trilhão de ienes.
As importações caíram 11,2%, totalizando 945,31 bilhões de ienes, influenciadas por gás natural liquefeito e medicamentos, conforme os dados preliminares.
As exportações destinadas à China caíram 13,4%, chegando a 1,54 trilhão de ienes, e as importações diminuíram 13,9%, totalizando 1,90 trilhão de ienes, resultando em um déficit de 359,21 bilhões de ienes, reduzindo-se em 15,7% em relação ao ano anterior.
"Embora as exportações de automóveis tenham sido robustas devido ao aumento na produção para superar a escassez de chips, as exportações gerais não estão fortes como tendência", disse Yuichi Kodama, economista-chefe do Meiji Yasuda Research Institute.
"A recuperação da China desde o fim da política de 'zero COVID' tem sido mais lenta do que o esperado, e há a questão do setor imobiliário problemático lá. Em casa, a inflação está impactando a demanda, portanto, é difícil esperar que um forte crescimento econômico continue", acrescentou Kodama.
Por mais de um ano, o aumento dos custos de importação de combustíveis e matérias-primas, em parte devido à guerra da Rússia na Ucrânia, deixou o Japão com um saldo negativo.
Um iene mais fraco tem agravado a situação para o Japão, aumentando o valor das importações e acelerando a inflação.
Em julho, o valor das importações de carvão, petróleo bruto e gás natural liquefeito diminuiu, enquanto o iene estava 4,6% mais fraco em relação ao dólar norte-americano do que no ano anterior.
A depreciação do iene em relação ao dólar e ao euro parece não ter atingido seu limite, uma vez que já ultrapassou os níveis em que as autoridades japonesas intervieram anteriormente para desacelerar a queda da moeda.
Em julho, o Banco do Japão decidiu permitir que os rendimentos dos títulos do governo japonês de longo prazo subam mais, reduzindo a diferença em relação aos rendimentos dos EUA, uma vez que a Reserva Federal está em um ciclo de aumento das taxas de juros.
Com o restante da Ásia, incluindo a China, o superávit comercial do Japão diminuiu 35,7%, totalizando 253,73 bilhões de ienes em julho.
O Japão teve um déficit comercial de 20,69 bilhões de ienes com a União Europeia, à medida que as importações atingiram seu nível mais alto para o mês devido à forte demanda por automóveis e equipamentos de aeronaves.
As importações aumentaram 21,4%, totalizando 967,70 bilhões de ienes, enquanto as exportações cresceram 12,4%, atingindo 947,01 bilhões de ienes.